Essa solução é emergencial, mas poderá levar ao menos um ano para ser colocada em prática
Em três décadas menos de cem aviões Tu-204 e Tu-214 foram produzidos - Divulgação |
A Rússia confirmou que planeja reativar a produção de aviões herdados da Era Soviética. A proposta é uma resposta ao forte embargo que inclui todo o setor aeroespacial, que teve como consequência a paralização de quase todos os aviões comerciais que voam por empresas aéreas russas.
Conforme adiantado por sites especializados, o governo russo planeja agora reativar a produção do veterano Tupolev Tu-214, derivado do Tu-204, este o último avião comercial projetado na União Soviética.
A UAC, o conglomerado que reúne os maiores fabricantes aeronáuticos da Rússia, quer oferecer, ao menos por ora, uma resposta a necessidade de transporte aéreo do país.
“A questão urgente é restaurar a produção de modelos domésticos e na quantidade necessária para que não tenhamos dificuldades com o transporte de cidadãos russos dentro do país e no exterior”, declarou o Primeiro-Ministro Yuri Borisov.
Tu-204 foi o último avião comercial desenvolvido na Era Soviética e teve produção limitada ao longo dos anos |
O entrave é o tempo exigido para produzir em escala industrial qualquer avião, além de exigir um treinamento de equipes técnicas, como pilotos, e de manutenção e engenharia.
“Retomar a linha de produção de qualquer avião demanda tempo e dinheiro. Quase todos os sistemas e subsistemas são produzidos por terceiros, que também devem retomar sua produção. Fornecedores desses terceiros também terão que recolocar suas linhas de montagem em funcionamento”, explicou Marcelo Andrade, engenheiro aeronáutico. “Em um mundo ideal, pensando que ninguém descartou maquinário e nem técnicos, essa retomada leva um ano”, estima.
Embora a produção tenha sido iniciada em 1990, com o Tu-204, o modelo contou com menos de 100 unidades produzidas ao longo de 30 anos. A versão aperfeiçoada, o Tu-214 foi lançada em 1996, mas os poucos aviões entregues voam apenas em órgãos oficiais, como a Força Aérea da Rússia e a Roscosmos, a agência espacial do país.
O pico de produção do Tu-204 e Tu-214 ocorreu em 2008, quando foram entregues apenas de aviões. O segundo melhor ano foi 2009, com seis unidades. Em 2018, o último ano de produção, foram entregues três aviões.
Com o avanço dos projetos mais modernos, como o MS-21, a UAC paralisou a linha de montagem dos jatos herdados da União Soviética, que além da baixa demanda sofriam ainda com elevados custos para serem construídos. O objetivo era usar os recursos financeiros e humanos para o MS-21, que foi desenvolvido baseado em premissas ocidentais e grande parte dos sistemas fornecidos por empresas da Europa, Estados Unidos e Canadá. Com a impossibilidade de continuar o desenvolvimento e de colocar em produção do novo avião, a Rússia busca alternativas locais, como o Tu-214.
A produção, caso retomada, representará um grande retrocesso nos avanços obtidos pela indústria aeronáutica russa que há vários anos vinha obtendo grande avanço em seu desenvolvimento.