quinta-feira, 3 de março de 2022

Invasão a Ucrânia: Tropas de Belarus receberam ordem de cruzar fronteira para atacar

 O Comando-Geral das Forças Armadas da Ucrânia afirmou nesta quinta-feira (3) que no território de Belarus, perto da fronteira com a Ucrânia, existem 38 brigadas de assalto aerotransportadas bielorrussas que receberam ordens de cruzar a fronteira.

Imagem de satélite disponibilizada pela Maxar Technologies mostra helicópteros russos na Bielorrússia.| Foto: SATELLITE IMAGE MAXAR TECHNOLOGIES


Na direção da região de Volhynia, no oeste da Ucrânia e na fronteira com Belarus ao norte e Polônia a oeste, "38 brigadas de assalto aerotransportadas estão em uma área arborizada", afirmou o comando militar em uma postagem em seu perfil no Facebook. "De acordo com as informações disponíveis, o comando da unidade militar foi ordenado a cruzar a fronteira com a Ucrânia".


Ainda segundo o Comando-Geral das Forças Armadas da Ucrânia, "a ordem de combate será dada depois que cruzarem a fronteira". O estado moral e psicológico dos paraquedistas bielorussos "é muito baixo" e "os oficiais e soldados não querem fazer o papel de mercenários russos", afirmou o comando.


"Um número significativo se manifestou a favor da rescisão dos contratos, que expiram principalmente em maio", ressaltou. Por outro lado, o presidente de Belarus, Alexsandre Lukashenko, reiterou em várias ocasiões nos últimos dias que não tem planos e não haverá planos de atacar a Ucrânia.


Rússia e Ucrânia vão abrir corredores humanitários para saída de civis

Negociadores avaliam possibilidade de cessar-fogo 

Após reunião de mais de três horas, negociadores ucranianos e russos concordaram com a criação de corredores humanitários para a saída de civis e a entrada de medicamentos e ajuda humanitária na Ucrânia. Em entrevista coletiva, o negociador ucraniano afirmou que haverá uma terceira rodada de negociações e que é possível que haja um cessar-fogo durante o período da evacuação.



Os negociadores russos confirmaram que estão de acordo com a saída da população civil. "Concordamos que vamos manter corredores humanitários, vamos manter possibilidade de cessar-fogo nesses corredores humanitários e pedimos à população para que usem os corredores e esperamos que tudo acabe logo", afirmou um dos negociadores russos.


Um pouco antes, ainda durante a reunião, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que os russos não podem falar com os ucranianos como se fossem alguém de outra categoria. "Precisamos conversar como iguais. Precisamos sentar e conversar. Acho que ele [Vladimir Putin, presidente russo] está num mundo diferente. A pessoa ganha uma chance de se tornar grandiosa para seu país, mas não está aproveitando", disse Zelensky.


O mandatário ucraniano disse ainda que quer salvaguardar o país e seu povo e disse acreditar que, em uma conversa franca com Putin, poderiam chegar a um acordo, à paz.


Zelensky disse ainda que espera que a Ucrânia não desapareça. "Se a Ucrânia desaparecer, outros países podem desaparecer também, até chegar às portas de Berlim". E rechaçou a narrativa russa de que os próprios ucranianos estão matando sua população. "Não somos nós que matamos o povo ucraniano. Não somos nós que matamos nossos civis, não somos nós que matamos nossas crianças".


O presidente russo afirmou, por outro lado, que a Ucrânia e a Rússia são o mesmo povo. Mas disse que a "operação especial", como ele chama a invasão do território ucraniano, visa defender a pátria russa, seus oficiais e soldados, que estão agindo como verdadeiros heróis.


"Eles combatem com toda a coragem e sabendo a verdade. Até depois de feridos, permanecem no front, morrem para salvar seus camaradas e a população civil. Sou feliz por fazer parte desse povo russo tão forte e multinacional. Também não nego minha convicção de que russos e ucranianos são o mesmo povo, mesmo quando os ucraninos estão amedrontando sua população com a propaganda nacionalista", disse Putin.


O mandatário russo afirmou ainda que está em guerra contra neonazistas que estão usando a população civil como escudo vivo. "São bandidos que, em vez de cumprir a sua promessa de tirar o maquinário militar das áreas residenciais,  fazem o contrário, só põem mais tanques e mais máquinas de guerra". Putin acusou ainda os ucranianos de estarem capturando e usando estrangeiros como reféns.